,apenas a sucata do meu lixo

Posted on 02 fevereiro, 2010 - 1 comentários -

Estou grávido de mim mesmo.
Meu filho irá se chamar: saudade.
saudade do que eu era e do que eu queria ser.
saudade do que eu sou e do que eu jamais serei.
Em encarnações passadas fui uma flor.
Uma flor murcha.
Uma flor preta.
Descolorida.
Insípida e inodora.
Exalei odores.
Mastigo e me calo.
O gosto da saudade é doce.
Doce e amargo.
Amargo e azedo.
Gosto e desgosto.
Oposto e suposto.
Quero falar do meu querer.
Eu quero, mesmo sem ter.
Eu quero o mar que não vira sertão.
Eu quero evolução.
Eu quero eva e adão.
Eu quero adão, sem eva.
A serpente que me enrola e me cospe.
A serpente que não me influencia.
A serpente que educa.
Quero errar apenas uma vez o mesmo erro, mas quero errar todos.
Quero cuspir fogo e não queimar meus lábios.
Quero o olhar que cala.
Quero os lábios que apenas mechem sem emitir som algum.
Quero entre o verde e o maduro.
Quero, mas não tenho.

There has been 1 Responses to “,apenas a sucata do meu lixo”

  1. Tamyle Ferraz says:

    "Meu filho irá se chamar: saudade.
    saudade do que eu era e do que eu queria ser.
    saudade do que eu sou e do que eu jamais serei"

    já vivi isso umas dezenas, centenas e milhares de vezes!

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