O cavalo

Posted on 29 julho, 2010 - 2 comentários -

Eu desaprovo o sistema que me outorga. Quero cada vez mais sentir o cheiro da terra. Fincarei meus pés em solo virgem. Eu peço para que façam silêncio. As rodas dos carros desobedecem. Os prédios não me deixam ver o nascer do sol. Sol que nasce todo dia. Eu que morro ao nascer. O freio é o transtorno. Agora silenciou. Por um minuto. Logo voltam a berrar. O ônibus não chega. Queria sair voando. O sol hoje está falante. Me deixa voar? Sinto um cheiro de pássaro morto. Peço perdão. Sei que também sou culpado. Vejo um cavalo a cavalgar em plena avenida sendo chicoteado por um rapaz. De tanto não falar mordi minha língua. Entrei no ônibus. Ele que anda por mim. Tudo deveria ser perto. Sinto falta de meus índios e de meus avós. Vejo uma marca de tiro no vidro do ônibus e uma filha ajudando sua mãe idosa. Carros óbvios. Cheiro de gasolina. Uma bolsa de retalhos. A mulher desceu do ônibus e morreu. Atropelada.

Olhar que engana ou Eu sei o que vi

Posted on 04 julho, 2010 - 2 comentários -

Minhas vontades gritam. Eu não tenho vergonha de ter recalque. Penso muito e deixo meus pensamentos passarem. Eles gritam. Eu penso demais. Eu penso em despensar. Vontade de ser irracional. Eu já cansei de tanta coisa, depois volto e aprendo a não mais cansar. Tudo é tão passageiro em mim. Em questão de minutos. Tudo em mim é mais rápido. Nada em mim permanece. Eu sei que existo e minha existência é muito forte. Uma força que incomoda e que não é fácil de digerir. Sorrio apenas para o sorrível. Eu expresso demais e não escondo quase nada. Quando penso que estou escondendo meus olhos falam por mim. Meu rosto que fala. Só não enxerga quem não tem olho. Se eu estou cansado é porque eu já cheguei ao meu limite. Meu limite talvez seja fácil de ser atingido. Eu não nasci pra que ninguém goste de mim, se as pessoas gostam o culpado não sou eu. Não preciso ser otimista. Eu nasci pra morrer, mas não quero morrer agora. Eu nasci. Eu nasci. Eu nasci, então existo. Quero existir ao menos para uma pessoa e se somente essa pessoa achar que minha existência foi válida, eu estarei feliz.Talvez um dia. Não me olhe se o olhar não era pra mim. Aprenda a direcionar a merda do seu olhar, filho da puta.