O cavalo

Posted on 29 julho, 2010 - 2 comentários -

Eu desaprovo o sistema que me outorga. Quero cada vez mais sentir o cheiro da terra. Fincarei meus pés em solo virgem. Eu peço para que façam silêncio. As rodas dos carros desobedecem. Os prédios não me deixam ver o nascer do sol. Sol que nasce todo dia. Eu que morro ao nascer. O freio é o transtorno. Agora silenciou. Por um minuto. Logo voltam a berrar. O ônibus não chega. Queria sair voando. O sol hoje está falante. Me deixa voar? Sinto um cheiro de pássaro morto. Peço perdão. Sei que também sou culpado. Vejo um cavalo a cavalgar em plena avenida sendo chicoteado por um rapaz. De tanto não falar mordi minha língua. Entrei no ônibus. Ele que anda por mim. Tudo deveria ser perto. Sinto falta de meus índios e de meus avós. Vejo uma marca de tiro no vidro do ônibus e uma filha ajudando sua mãe idosa. Carros óbvios. Cheiro de gasolina. Uma bolsa de retalhos. A mulher desceu do ônibus e morreu. Atropelada.

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  1. Renan P.

    CAOS. incrível robson, gostei.

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