eu nomeado, eu desnomeado, eu rotulado, eu suposto, eu proposto, eu imposto ou meu nome

Posted on 31 maio, 2010 - 0 comentários -

Queria ser um homem de um nome apenas. De início demorei a ser o nome que me deram. Sempre que chamavam, ou gritavam, eu não respondia de imediato. Aquele som. Aquela musicalidade. Era estranha. Soava estranho. Criei um nome temporal. O nome que eu queria ser. O nome que talvez fosse meu. O nome que tomei pra mim. Me batizei. Meu nome artístico. Cheguei a acreditar que eu era aquilo, mas tive que me separar daquilo. Estava começando a me fazer um grande mal. Eu precisava ser meu nome. Eu era meu nome, não adiantava me enganar. Eu me enganei, isso. Comecei a me chamar. A sonorizar meu nome. Descobri um som diferente, mas agradável. Talvez fosse a maneira com quem chamavam o meu nome que não me agradava. A forma como tratavam o nome. Desnomeei. Me chamei. Hoje, me escuto. Hoje gosto. Hoje sou. Não apenas um nome. Não apenas o nome. Qual nome você me dá? Quantos nomes eu posso ter?                    .

Bailarina

Posted on 30 maio, 2010 - 1 comentários -

A noite me chamava para dançar e eu em nenhum momento rejeitei seus passos de dança. Passos cambaleantes. Passos rotatórios. E eu girava como uma bailarina. Eu simplesmente rodava, como se os círculos fossem intermináveis. Uma troca de olhares. Uma troca de energias inigualáveis. Momentos precisos. Passos de dança. Movimentos soltos e descompromissados. Eu queria aquilo e eu era aquilo. Enquanto acreditei ser. Maquiagens borradas e um borrão que se formava em minha visão distorcida. Distorcida pela rotação de meus olhos. E tudo girava. Eu girava. Eu rodava. Como a bailarina dos meus sonhos. Amanheceu e ao tocar nas gotas do chão, me senti livre. E eu era. Por um segundo, eu fui.