Para Karine Freitas ou Aos que não foram ou Ao que poderia ter sido

Posted on 22 julho, 2012 - 1 comentários -



É... Hoje é Domingo, de tarde, o sol iluminando o meu quarto, como todos os dias. Através da janela. Aquela janela que me faz lembrar dos ensaios do Coletivo Cego, meu grupo que acabou recentemente. 
Hoje eu não quero falar de mim. Ou talvez de mim, mas não diretamente. Quero falar de Karine e de um acontecimento que eu nunca superei.

Quando a Karine desistiu de fazer teatro, quando eu recebi a notícia, eu me senti traído. Assim como o Honório se sentiu traído por mim, eu me senti traído por ela. Eu senti que todo o investimento que eu havia feito nela, em nós, no coletivo, havia sido em vão. Eu sonhava com a Karine, com a evolução dela, no potencial que existia ali, naquela pessoa.

Hoje eu admiro a Karine, por ela ter sido capaz de um novo começo. Por ela ter sido sincera consiga mesma e dito: “isso não é pra mim”. E o melhor, ela tentou antes de tudo, antes de concluir. Ela experimentou. Ela viveu intensamente, antes de negar.

Eu discordo de Karine. Pra mim, ela é uma grande atriz. E eu sempre ficarei imaginando, idealizando como seria ela, como seria ela...

Mas quem sou eu pra discordar? Ela que sabe, ela, nos diálogos internos, nas conversas com ela mesma. Ela que sabe. Ela que decide. Ela sabe dela. Ela, ela, ela.

Fico pensando nas pessoas que não nasceram pra isso e não sabem.
Nas pessoas que insistem em fazer qualquer coisa.
Nas pessoas que insistem em brincar de fazer teatro, por pura vaidade.
Como diz Camila Vieira: “Por que mais um filme?”.
Por que mais uma peça?
Por que mais uma atriz?
Por que ser mais um?

There has been 1 Responses to “Para Karine Freitas ou Aos que não foram ou Ao que poderia ter sido”

  1. Maurileni Moreira (Maura) says:

    concordo. muitas vezes fico pensando nessas relações de 'insisto, será que sirvo?' já pensei em abrir a boca e dizer: não, isso não dar pra mim. mas é difícil. muito difícil. eu sou o que eu faço, não poderia ter sido outra coisa que não isso. sou isso e muito mais. é preciso cortar os pés. penso nessa questão quando me vejo como professora de dança pra crianças, dentro de um sistema que preza pela reprodução e ão criatividade versus criação. muitas vezes desistir é só achismo de não se achar capaz de. de não se perceber como algo ou alguém sobrevivente por. estou na labuta desde os 15, desde os 15 luto pela minha liberdade de ser quem eu escolhi ser em cinco e cinco minutos! é uma vida e eu a vivo.

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